sexta-feira, 21 de janeiro de 2000

Auto-insulto

Ruptura explosiva

Com este mundo:

Manter-se sempre vivo

Mas a raspar no fundo.


Largar a dependência

De viver para morrer,

Pedir toda a clemência,

A si e sobreviver...


Palavras soltas numa folha,

Sentido fora, rimo surreal,

Deixam que um marmanjo escolha,

O que dizem ser um ideal...


O gajo nem pensa:

“Será que isto tem sentido!?”

Se me levas a sério... deixa,

Que nunca mais és vivo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 1999

Um dia

Amei-te com tudo,

Até nada mais ter...

Eras para mim o mundo

Ideal para me perder.


Amaste-me sem pensar

No que tinha a oferecer,

E, surpreendendo-te, quis dar

Amor maior que meu ser...


O que quis consegui:

Fomos fogo, terra e mar...

Mas o sublime tem fim,

É o preço a pagar.


Fui herói só por ti,

Roubei o céu para nós...

Foi lindo o que vivi,

Fomos felizes a sós...


Até que o destino fez

O que a todos anuncia:

“Apenas podes ser feliz

com uma deusa por um dia”

sexta-feira, 29 de outubro de 1999

Quando nada mais te chama


Quando nada mais te chama,
Quando o sol já não te ilumina,
E teu refugio está na cama
E a vida já não te ensina...

Não, não vais morrer...
Há sempre algo para ti,
Não vais ser só sofrer,
Há alguém sempre que te sorri.

Tens de lutar para ser feliz,
Tens de sonhar com o paraíso.
Não foi o mundo que te quis
Mas agora és sempre preciso.

Sentes o céu em ti cair,
Sentes o coração a apertar,
E o destino sempre a fugir.
Em outro lado queres estar...

A vida não vai acabar,
O inatingível espera-te...
Com muitos irás falar,
O desconhecido no tempo revela-se.

Pensa no que vais perder
Se quiseres deixar o céu...
Jamais irás compreender
Esta felicidade cruel.